O Teatro e Eu

As cortinas vermelhas se abrem.

Os movimentos, os passos, as falas, todos feitos com exatidão.

A atriz aparece caracterizada: uma velha personagem da cidade, uma poetisa, amargurada, devastada sem nenhuma vaidade.

Entre versos quase que mudos conta como sofreu, como viveu e, solitária em prantos, como acabou tudo e apenas morreu.

E em todos os momentos eu vou segurando em minhas mãos a câmera, sem deixar que ela deslize.

Hora apóio sobre a poltrona da frente, hora sobre os meus joelhos e é quase impossível manter-se inerte, mas continuo a insistir para não perder nenhum detalhe precioso.

Jogo de luzes, de vozes, de sentimentos, trilha sonora que embala os momentos.

Meus braços sentindo a dor da precisão, mas ainda intactos para não perdê-la.

A menina moça, a senhora, a velha, a que ficou famosa depois da vida ou simplesmente uma personagem de um monólogo.

Se vai, sai e volta para o plano onde não existe mai, ou onde nunca chegou a existir.

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