Tempo, mano velho

O que fazes, relógio?
Tens pena de mim?
Teus ponteiros, olhem só, eu nunca havia percebido que giravam com a força de um furacão!
Achei que só levassem.
E agora posso ver sua maré de ir e vir.

Podes me trazer algo?
Se puder, por favor, detenha-se!
Peço, que se o fizeres, presenteie-me com o novo.
Faça a gentileza de que seja como o orvalho fresco da manhã.

O céu está escuro lá fora e a lua anda sorrindo por aí.
E é engraçado, porque sorrio também como ela.
Um riso bobo, daqueles que me envergonham quando paro a me avaliar.
E não há motivo, meu caro, motivos não mais existem.
Eu vivo! Isso já não seria um argumento suficiente?

O que fazes, relógio?
Tens compaixão desse pobre ser?
Amo-te porque não fazes julgamento.
Não tem crenças, por isso não julgas.

Apenas deixas passar.
E quando percebo, não estou falando de ti.
Me perdôes, isso tudo é perfeito e inexplicável demais.
Isso tudo é o tempo...

Comentários

Postagens mais visitadas