Segunda-feira


Era uma segunda-feira como todas as outras: chatas, tediosas e desanimadoras.
O sol que vinha saindo já estava indo embora, sendo sufocado pelas nuvens escuras que vinham chegando sem pedir licença.
Viria mais uma chuva de verão.

Ela olhou pela janela e percebeu que esperava mais daquele dia.
Esperava um céu azul, um sol derretendo tudo que encontrasse pela frente e o carteiro sorridente, trazendo numa caixa do SEDEX um caderno com todas as respostas para suas perguntas.

Ok. Ele nunca iria chegar, isso era fato.

Resolveu sentar-se no banco da praça para observar as árvores e respirar um pouco de ar puro.
De repente, percebeu que estava ao seu lado uma menininha sorridente.

- Porque você está triste? - disse ela com aquele arzinho curioso de pentelha.
- Eu? Não estou triste não, porque você acha isso? - respondi curiosa.
- Porque você está aqui sozinha?
- Só vim me sentar aqui pra descansar um pouco, respirar o ar puro dessas árvores que estou olhando. Pensar na vida. - terminei de responder com um sorriso tranquilo.
- Ahhhhhhhh... Pensar sobre o que na sua vida?
- Sobre tudo, uai. Tudo o que vem acontecendo e o que vai acontecer. - respondi sem jeito. Ela estava começando a me deixar constrangida.
- Estou com fome! Você poderia comprar uma pipoca pra mim? - ela passava a mão na barriga.
- Uhmm... posso, ué.

Respondi e fui até o carrinho da pipoca com pena dela. Era isso! Elá só queria um pouco de atenção.
Voltei com a pipoca e coloquei em suas mãozinhas, que rapidamente começaram a tirá-las do saquinho e levar até a boca, com muita fome.

Ela comeu tudo em apenas um minuto e continuou.

- Estou com sede! Poderia comprar um refrigerante? - me olhou com aqueles olhinhos meigos.

E assim prosseguimos.
Ela foi me pedindo churros, algodão doce, raspadinha e até amendoim!
Quando o relógio da igreja da praça bateu seis horas da tarde (e eu já estava desnorteada de tanto ir e vir pra comprar comida para a tal menina) resolvi que ia pra casa, disse adeus rapidamente e percebi que quem estava com fome era eu! Abri a carteira e não me restara absolutamente um centavo!

- Tchau, garota. Além de comer você sabe dizer seu nome? - perguntei pê da vida.
- Sim, claro. Me chamo Expectativa. - e saiu saltitando pela praça, feliz.

Pois é.
Alimentei tanto a tal Expectativa que fui embora frustrada de tanta fome.

Moral da história:
Expectativa em desmasia gera frustração.
O que vem, nem sempre é o que a gente espera.
Sorria. E receba de braços abertos o que a vida trouxer!

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