Ferida

Ele estava de volta.

A vida havia judiado dele e feito ele sofrer.

O mais engraçado é que quando finalmente o reencontrei, depois de todos aqueles anos, ele ainda estava com a velha ferida aberta.

Estava mal, de fato, pela estrada tortuosa pela qual havia acabado de passar, mas os olhos sofridos não escondiam aquela ferida.

Eu sentia em mim uma esperança de que seria conforto, como um abraço, bem quentinho, pra onde você pode sempre voltar depois de um dia difícil. E pensei que ele entenderia que as coisas mudam com o tempo e nada permanece como foi. 

Pensei que ele pensasse também nas voltas que o mundo dá, e nos mal entendidos que as histórias vindas por todos os lados causam, e só o lugar exato de onde sai a verdade e a resolução vale verdadeiramente para entender e superar tudo.

Mas era tarde demais.

Fiquei feliz de vê-lo voltar, mas triste por não tê-lo mais.

A ferida ainda aberta.

Eu não era a cura, eu era ela.

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